Abanas-me...

Há quem diga que escrever faz bem, e se não conseguimos exprimir o que sentimos exprimir o que sentimos oralmente porque não fazê-lo por escrito? Comecei com este discurso porque depois de dar voltas e voltas à cabeça não consegui arranjar uma maneira melhor de começar. Escrevo-te sem ter noção da razão porque o faço, ou melhor talvez o faça para te falar da quantidade absurda de saudades que tenho tuas.

Depois de todas os nossos desentendimentos, desilusões perguntaste-me o que achava sobre ires embora, não consegui responder no momento, pois se te falasse naquele momento a única coisa que iria conseguir dizer era que achava que fazias muito bem, apesar não ser isso que sentia.

Podes achar que sim, mas não há muito para dizer sobre as coisas que estão presas na minha mente, sabes tudo sobre elas, costumavas adivinhar tudo o que pensava, o que sentia. Devias ter adivinhado o que senti naquele momento, devias ter percebido que não queria estar perto quando te fosses embora, que queria dizer para ficares, mas mesmo que o dissesse não ia fazer diferença. Porque vais? Tu que me ensinaste a viver da melhor maneira. Tu que falas da morte, da vida e do que existe entre elas sem teres qualquer problema, que falas de mim e de ti como se isso fosse alguma coisa que merecesse ser repetida sistematicamente.

A primeira vez que estivemos juntos, foi num festival e eu ia saltar bungee jumping, equipei-me e subi na grua, olhei para baixo e quase perdi a coragem mas tu mesmo não me conhecendo, agarraste na minha mão e disseste “Fecha os olhos, respira tudo, quando parares de pensar, salta!”, fiz o que me aconselhaste e nunca me senti tão bem. Agora cada vez que alguma coisa me assusta, penso nas tuas palavras e volto a fazê-lo, e logo tudo torna-se mais suportável. O teu sorriso abana o meu mundo, és a pessoa que me consegue fazer sentir melhor e pior ao mesmo tempo.

Entre nós as coisas podem não estar a correr da melhor maneira, e se tudo o que dizes for verdade, se metade do que não fiz por nós poderia tornar as coisas diferentes então não sei o que te dizer. Foste tu que apareceste do nada, que vieste perturbar o meu equilíbrio e agora vais para longe, tornaste-te na minha escolha sem sentido, inexplicável. Que mais posso eu dizer? Não te vás embora já, fica só mais um dia, talvez para sempre porque eu preciso de mais tempo, sim, de mais tempo simplesmente para fazer a escolha certa.

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